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Diferenciando má ciência de boa ciência


E aí, pessoal! Tudo bem com vocês?

Vamos bater um papo sério e super importante hoje. Sabe aquela história que a gente escuta desde sempre que “gordura faz mal”? Pois é, acho que tá na hora de repensar isso. Antes de qualquer coisa, quero que vocês fiquem super tranquilos, porque o que vou contar é algo bem fundamentado. Mas vou explicar de uma forma que fique bem fácil de entender, como se a gente estivesse trocando ideia numa boa.

Agora pode comer gordura saturada? De acordo com a boa ciência,  sempre pôde…

E a carne vermelha tá dando câncer ainda? Nunca deu…

Mas falaram no jornal que carne pode causar câncer! Vai me dizer que eu também não preciso jogar a gema do ovo fora?

Não! Ninguém precisa jogar a gema do ovo fora porque não é ela que entope suas veias e fará você morrer de um ataque cardíaco.

E também não precisa mais ficar se preocupado quando for comer carne vermelha porque isso é um grande mito produzido por pesquisas e jornalistas sensacionalistas ou mal informados mesmo. E para não sermos mais enganados, hoje aprenderemos a diferenciar MÁ ciência de BOA ciência.

Entretanto, talvez você já esteja cansado de ver notícias baseadas em estudos científicos que parecem não fazer muito sentido. Talvez você também já tenha perdido a fé nesse tipo de informação com as tais bases científicas e viva repetindo frases do tipo:

Já que tudo faz mal, mata ou engorda, então vou continuar comendo de tudo e ser feliz!

O Estudo que Condenou as Gorduras na Década de 50 – Será que é Tão Confiável Assim?

Lá na década de 50, rolou um estudo que basicamente condenou todas as gorduras. Foi tipo um movimento que mudou tudo no mundo da saúde e da alimentação. A partir disso, começaram a pintar aquelas manchetes assustadoras dizendo que gordura era o vilão da vez. Mas sabe qual o problema? Esse estudo era do tipo 2C, o que significa que ele só observou e comparou resultados de diferentes populações, mas não levou em conta todas as variáveis importantes. Imagina só comparar duas receitas de bolo e ignorar ingredientes principais? Tipo, não faz sentido, né?

Um exemplo clássico é o “Estudo dos 7 Países“, onde o pessoal olhou para o consumo de gordura e o número de ataques cardíacos nesses lugares. Só que, sabe o que eles deixaram passar? A quantidade de gordura que era usada para cozinhar e a que ia para fazer sabão! Isso muda completamente as coisas. É como comparar maçãs e laranjas e achar que dá na mesma. Por isso, é sempre bom ficar de olho nessas notícias sensacionalistas que aparecem por aí, tipo “a carne vermelha é tão perigosa quanto o cigarro”. Cuidado para não cair nessas armadilhas de desinformação, beleza?

O Estudo que Liberou as Gorduras em 2014 – Agora Sim, Vamos Falar de Verdade!

Agora vamos falar de coisa boa, tipo TechPix, mas sério! Em 2014, rolou um estudo que fez a galera respirar aliviada. Esse estudo foi do tipo 1A, que é praticamente o santo graal dos estudos científicos. Para vocês entenderem, esse tipo de estudo é uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (tipo 1B), que já são muito confiáveis por si só. Imagina então uma revisão de 10 ou mais desses estudos? É como se fosse uma super análise que junta todos os dados possíveis para chegar a uma conclusão.

E olha só que incrível: esse estudo de 2014 revisou 72 outros estudos que envolveram cerca de 600 mil pessoas em 18 países. Entre eles, estavam 27 estudos do tipo 1A. Ou seja, foi um trabalho gigantesco e super confiável. E o que eles concluíram? Que não existe evidência de que a gordura saturada na dieta aumenta o risco de ataques cardíacos ou outros eventos cardiovasculares. E mais, também não tem evidência de que o consumo de gorduras insaturadas (tipo margarina e óleos vegetais) proteja contra doenças cardíacas. O grande vilão, na verdade, são as gorduras trans. Essas sim, fazem mal pra caramba.

Outro ponto interessante é que a gordura saturada até pode aumentar o LDL, que é o colesterol “ruim”. Mas calma! Ela também aumenta o HDL, que é o colesterol “bom”. E mais, quando o LDL aumenta, ele se transforma no padrão A, que são partículas maiores, menos densas e que não se acumulam nas artérias. Ou seja, não é esse bicho-papão todo que a gente ouviu falar.

Atenção! Nem Todas as Gorduras Estão Liberadas!

Mas pera aí, não vai achando que tá tudo liberado, não. Vamos com calma! As gorduras que estão liberadas são as saturadas, aquelas que a gente encontra em fontes animais, tipo carne, peixe, banha de porco, e por aí vai. Mas também tem umas boas fontes vegetais, tipo abacate, azeite de oliva, óleo de coco, etc. Já as gorduras trans, margarina e os óleos vegetais hidrogenados, esses estão fora de cogitação! Esses óleos, tipo o de canola, soja e milho, são ricos em ômega 6, e isso pode desencadear inflamações no corpo todo. Ninguém quer isso, né?

Então, bora recapitular rapidinho o que tá liberado e o que não tá:

Liberadas: Manteiga, abacate, azeite de oliva, maionese de azeite, azeitonas, castanhas, nozes, sementes, óleo de coco, leite de coco, gordura animal (como banha de porco e bacon), queijos, creme de leite, iogurte natural, nata, coalhada.

Não liberadas: Margarina, gordura vegetal hidrogenada ou trans, óleos de canola, soja, milho, girassol e outros óleos vegetais super processados.

Conclusão – Agora que você já sabe…

Sei que isso tudo pode ser novidade pra muita gente, mas conhecimento é poder, né? Se a gente quer cuidar bem da nossa saúde, nada melhor do que estar bem informado. Então, a moral da história aqui é que nem toda gordura é igual, e muitas delas podem fazer bem pra gente, desde que a gente escolha as certas.

Depois de visualizar o infográfico abaixo, tenho certeza que você mudará bastante a forma como você verá (e com razão) esses estudos que hora afirmam uma coisa e depois afirmam exatamente o oposto.

Então confira agora mesmo esse didático infográfico que foi montado por Glauber Silva, do site obesoemagrece.com e tire suas próprias conclusões sobre os tipos de estudos que são publicados diariamente.

BOA ciência

Ainda, explicando brevemente os tipos de estudos que existem, há dois estudos, que têm mais valor do que o habitual, ou seja, são de maior impacto científico do que os outros.

Os estudos epidemiológicos: servem para levantar hipóteses, mas não estabelecem causa e efeito; eles estabelecem uma correlação.

Correlação não é causa! 

Os estudos observacionais podem estabelecer correlações, porém não conseguem identificar uma causa.

Somente os ensaios clínicos randomizados podem estabelecer causas.

Um exemplo conhecido de correlação foi demonstrada na Austrália, entre o consumo de sorvetes e o ataque por tubarões. Quanto maior o consumo de sorvetes, maior o número de ataques. Esta correlação é estatisticamente significativa. Você acredita que o consumo de sorvete CAUSA os ataques? É, eu também não. E o estudo está errado? Não. O que acontece é que estudos epidemiológicos podem ignorar variáveis de confusão. No caso, a variável é o calor. Quanto mais quente, mais sorvetes, e mais banhos de mar. O sorvete é apenas um indicador de calor, e o calor causa a ida ao mar, que causa um aumento no número de ataques.

Estudos prospectivos randomizados: ou ensaios clínicos. Este é o Santo Graal da pesquisa médica. Aqui, um grupo grande de pessoas é sorteado para dois grupos. Um grupo será o grupo controle, e o outro grupo receberá o tratamento/remédio/dieta. O sorteio assegura que, estatisticamente, quaisquer variáveis de confusão (conhecidas ou desconhecidas) estejam igualmente distribuídas entre os grupos.

Os estudos prospectivos randomizados são a base da medicina baseada em evidências. Quem já leu os artigos deste blog sabe que uma dieta com redução de carboidratos é superior tanto em perda de peso quanto em marcadores de risco cardiovascular, em TODOS os ensaios clínicos na qual isto foi avaliado. Já as dietas de baixa gordura tem apoio apenas em estudos epidemiológicos (o mesmo tipo de estudo dos ataques de tubarão). Os únicos 2 grandes estudos randomizados de dieta de baixa gordura mostraram que elas não tinham nenhum impacto benéfico sobre mortalidade ou doenças.
Os outros estudos importantes na medicina baseada em evidências são as Metanálises e Revisões Sistemáticas, estudos que combinam os resultados de vários estudos menores. As metanálises realizadas até agora sobre lowcarb não deixam dúvidas de sua superioridade, ao menos nos prazos de duração dos estudos (ver aqui e aqui).

No final das contas, o que vale é a gente estar atento ao que consumimos e não cair nas armadilhas de informações distorcidas por aí. Vamos continuar nos cuidando, comendo bem e com consciência. E se puder, compartilha essa informação com seus amigos e família, porque conhecimento bom é conhecimento compartilhado!

Grande abraço e até a próxima!

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Referencias:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23035144

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22905670

http://dietacomciencia.com/ciencia/

http://www.lowcarb-paleo.com.br/2013/03/dois-grandes-estudos-introducao.html

https://obesoemagrece.com/

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