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Segredos de saúde dos nossos antepassados

A Revolução Agrícola começou há 10 mil anos – apenas uma gota no oceano quando comparada com os 2,5 milhões de anos que os seres humanos viveram na Terra. Até então – apenas há 333 gerações – todas as pessoas no planeta comiam carnes magras, frutas frescas e legumes. Para a maioria das pessoas passaram menos de 200 gerações desde que os nossos antepassados abandonaram o antigo estilo de vida e passaram a dedicar-se à agricultura. Se for esquimó ou ameríndio, isto aconteceu há apenas quatro ou seis gerações. Excetuando talvez meia dúzia de minúsculas tribos na América do Sul e algumas nas ilhas Andamão, na baía de Bengala, os caçadores-recoletores puros desapareceram da face da Terra. Quando estas poucas tribos ficarem ocidentalizadas, dentro de uma ou duas décadas, a ancestral forma de vida – que permitiu à nossa espécie desenvolver-se, crescer e amadurecer – chegará ao fim.


Este desaparecimento da forma de vida original da humanidade é muito importante. Porquê? Olhem para nós. Que confusão. Comemos de mais, consumimos os alimentos errados e somos gordos. Por incrível que pareça, são mais os americanos com excesso de peso do que os que têm um peso normal: 68 por cento dos homens americanos com mais de 25 anos e 64 por cento das mulheres com mais de 25 anos têm excesso de peso ou são obesos. E isso está a matar-nos. As principais causas de morte nos Estados Unidos – responsáveis por 35 por cento de todas as mortes ou uma em cada 2,8 mortes – são as patologias cardiovasculares. Setenta e três milhões de americanos têm hipertensão arterial; 34 milhões têm níveis elevados de colesterol e 17 milhões têm diabetes tipo 2. Não é um cenário agradável.


A maioria das pessoas não se apercebe de como os nossos antepassados do Paleolítico eram saudáveis. Eram magros, estavam em forma e, regra geral, não sofriam de doenças cardíacas nem de nenhum dos outros problemas que afligem os países ocidentais. No entanto, muita gente pensa que as coisas não eram fáceis para os povos da Idade da Pedra, que as suas vidas eram “pobres, sórdidas, embrutecidas e curtas”, como Thomas Hobbes escreveu em O Leviatã.


Porém, o registo histórico e antropológico não apoia esta linha de raciocínio. Quase sem exceção, as descrições de caçadores-recoletores feitas pelos primeiros exploradores e aventureiros europeus mostraram que essas pessoas eram saudáveis, estavam em forma, eram fortes e cheias de vivacidade. O leitor também pode ter essas mesmas características se seguir os princípios alimentares e de exercício que é exposto na Dieta Paleolítica.


Milhares de fotografias de caçadores-recoletores do princípio do século XIX e XX mostram, invariavelmente, povos indígenas magros, musculosos e em forma. Os poucos estudos médicos de caçadores-recoletores que conseguiram sobreviver até ao século XX também confirmam relatos escritos anteriores de exploradores e raianos. Onde quer que vivessem – nas regiões polares do Canadá, nos desertos da Austrália ou nas florestas tropicais do Brasil –, os registros médicos eram idênticos. Estes povos estavam livres de sinais e sintomas das doenças crônicas que nos afligem atualmente. E eram magros e estavam em boa forma física. As provas médicas mostram que a sua gordura corporal, a boa forma aeróbica, o colesterol no sangue, a tensão arterial e o metabolismo da insulina foram sempre melhores do que a média dos preguiçosos modernos. Na maioria dos casos, esses valores eram equivalentes aos dos atletas exercitados e saudáveis dos tempos modernos.


A pressão arterial elevada (hipertensão) é o fator de risco dominante de doenças cardíacas nos Estados Unidos, mas é quase inexistente nas populações indígenas. Os índios Yanomamo do norte do Brasil e sul da Venezuela, que no final da década de 1960 e princípio da década de 1970 não conheciam o sal, estavam completamente livres de hipertensão arterial. A sua pressão arterial não subia com a idade e mantinha-se extremamente baixa pelos padrões atuais. De modo surpreendente, estudos científicos realizados com esquimós da Groenlândia pelos doutores Hans Bang e Jørn Dyerberg do Hospital Aalborg, em Aalborg, na Dinamarca, demonstraram que, apesar de uma alimentação com mais de 60 por cento de alimentos de origem animal, não ocorreu nenhuma morte devido a problemas cardíacos – nem sequer um único ataque cardíaco – em 2600 esquimós, entre 1968 e 1978. Esta taxa de mortalidade por doenças cardíacas é uma das mais baixas de sempre registadas na literatura médica. Para um grupo semelhante de 2600 pessoas nos Estados Unidos durante um período de 10 anos, o número esperado de mortes por ataque cardíaco seria de cerca de 25.


Quando puser em prática as orientações nutricionais da Dieta Paleolítica, terá o mesmo nível de proteção contra doenças cardíacas que os esquimós. Também ficará magro e em forma, como os seus ancestrais antepassados. Este é o seu direito adquirido pelo nascimento. Ao recuar no tempo com a alimentação, a verdade é que estará a andar para a frente. Estará a combinar a antiga sabedoria alimentar com todas as vantagens para a saúde que a medicina moderna tem para oferecer. Terá o melhor dos dois mundos.

Segredos de saúde dos nossos antepassados

Que é que os povos do Paleolítico têm que ver conosco? Na verdade, muito: a prova de ADN mostra que a fisiologia humana básica mudou pouco em 40 mil anos. Literalmente, nós somos seres humanos da Idade da Pedra a viver na Idade do Espaço; as nossas necessidades alimentares são iguais às deles. Os nossos genes estão aptos para um mundo em que todos os alimentos ingeridos diariamente tinham de ser caçados, pescados ou apanhados no ambiente natural – um mundo que já não existe. A natureza determinou o que os nossos corpos precisavam milhares de anos antes de a civilização se desenvolver, antes de as pessoas começarem a cultivar alimentos e a criar gado domesticado.

Por outras palavras, nos nossos genes está inscrito um código de nutrição ideal – um plano que determina os alimentos que nos deixam saudáveis, magros e em forma. Acredite ou não que o arquiteto desse código é Deus, ou Deus a usar a evolução através da seleção natural, ou apenas a evolução, o resultado final continua a ser o mesmo:

Nós temos de dar aos nossos corpos os alimentos que fomos concebidos para comer. O seu carro foi feito para trabalhar com gasolina. Quando lhe põe gasóleo, os resultados são desastrosos para o motor. O mesmo princípio é verdadeiro para os seres humanos: nós fomos concebidos para funcionar melhor com os alimentos de origem vegetal e com a carne de animais selvagens que todos os seres humanos colhiam e caçavam há apenas 333 gerações. Os alimentos de base do regime alimentar dos nossos dias – cereais, laticínios, açúcares refinados, carnes gordas e alimentos salgados e processados – são como gasóleo para o mecanismo metabólico dos nossos corpos. Esses alimentos entopem os nossos motores, tornam-nos gordos e provocam doenças e pouca saúde.

Infelizmente, com todo o nosso progresso afastámo-nos do caminho que a natureza nos destinara. Por exemplo:

> Os povos do Paleolítico não comiam laticínios. Imagine como seria difícil mugir um animal selvagem, mesmo que conseguisse apanhar um.


> Os povos do Paleolítico quase nunca comiam cereais. Isto parece chocante para nós hoje, mas para a maioria dos povos ancestrais os cereais eram considerados, na melhor das hipóteses, alimentos para tempos de fome.


> Os povos do Paleolítico não punham sal na comida.


> O único açúcar refinado que os povos do Paleolítico consumiam era o mel
, quando tinham a sorte de encontrar colmeias.


> Os produtos selvagens magros de origem animal dominavam as dietas paleolíticas, por isso o consumo de proteínas era muito elevado pelos padrões modernos, enquanto o consumo de hidratos de carbono era muito mais baixo.


> Virtualmente todos os carboidratos que os povos do Paleolítico consumiam eram provenientes de frutas e legumes silvestres não amiláceos. Por conseguinte, o consumo de hidratos de carbono era muito mais baixo e o consumo de fibra era muito mais alto do que os que são obtidos com a alimentação moderna típica.


> As principais gorduras nos regimes alimentares do Paleolítico eram gorduras saudáveis, monoinsaturadas, polinsaturadas e ómega 3 – não as gorduras trans e certas gorduras saturadas que dominam os regimes alimentares modernos.

A Dieta do Paleolítico é mais do que uma influência do passado. É a solução para uma perda de peso rápida, controle eficaz do peso e, acima de tudo, saúde para a vida inteira. A Dieta do Paleolítico usa os mecanismos do corpo, que sofreram uma evolução ao longo de milhões de anos, para pôr um travão no aumento de peso e no desenvolvimento das doenças crônicas da civilização.

Tendo em conta o atual conhecimento científico, é o mais próximo que podemos chegar da alimentação original e universal da humanidade – o programa fácil de seguir, saciante e satisfatório que foi criado pela própria natureza.

Boa sorte e obrigado!

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Referências:

A DIETA DO PALEOLÍTICO, Prof. Dr. Loren Cordain

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