Hoje um dos maiores problemas de saúde do mundo moderno, que era até não muitas décadas atrás, uma condição bastante rara. Aliás, diabetes tipo 2 era mais conhecida antigamente como adult onset diabetes, ou seja, diabetes que aparece na fase adulta, era desconhecida em crianças.
Atualmente, diabetes tipo II em crianças é algo assustadoramente comum. Diabetes tipo II é caracterizada pela incapacidade do seu corpo de metabolizar corretamente açúcares (carboidratos) e controlar os níveis de glicose no sangue sendo que o pâncreas não mais consegue produzir a quantidade necessária de insulina para tanto. O cerne do problema aqui é a resistência a insulina e esta é a raíz do problema. No entanto, apesar disso ser cientificamente óbvio, muitos profissionais ainda acreditam que diabetes tipo II é uma doença progressiva e incurável. Veja, eu concordo plenamente ela é progressiva e incurável, mas somente se as pessoas seguirem os “tratamentos” tradicionais para ela.
Veja, nos EUA o número de diabéticos aumentou 400% em apenas 34 anos e no Brasil, segundo dados da VIGITEL e conforme publicado no próprio site do governo (1), a incidência de diabetes cresceu 61.8% em apenas 10 anos e já atinge 8.9% da população. Agora, sabe o que é o pior de tudo? Estes números só irão continuar aumentando se continuarmos a ignorar as causas e a persistir com o tratamento tradicional que é comprovadamente ineficaz.
Uma meta-análise (2) recente de 2016 de ensaios clínicos randomizados, ou seja, alto nível de evidência concluiu que tratar diabetes com insulina não tem benefício algum e ainda enfatiza que este tratamento aumenta os riscos de hipoglicemia e promove ganho de peso (insulina causa o ganho de peso). Ainda, outro estudo recente (3) publicado no jornal Circulation questiona a eficácia do tratamento de diabetes com medicamentos que regulam a glicose no sangue.
Sobre isso, o respeitado médico cardiologista britânico Dr. Aseem Malhotra disse noTwitter: “É eticamente dúbio não contar aos pacientes que drogas para diabetes tipo 2 não melhoram os desfechos a longo prazo.” No entanto, apesar de continuarmos focando em drogas e no controle da doença, as causas da mesma são difíceis de serem ignoradas.
Diabetes tipo 2, como dito, é um problema de intolerância a carboidratos que acontece quando seu corpo não mais consegue manter o açúcar do sangue sob controle e aqui fica a pergunta:
Qual é um dos piores carboidratos possíveis para um diabético, tão ruim que podemos dizer que é o equivalente da criptonita para super-homem? O açúcar!
Veja este gráfico abaixo que interessante:
Este gráfico mostra que durante a primeira e segunda guerras, períodos de grande racionamento de alimentos onde a oferta de açúcar a população caiu drasticamente, os números de mortalidade por diabetes tipo 2 caíram também praticamente tanto quanto.
Ainda, antes mesmo da descoberta da insulina no início do século 20, já se sabia que a redução de carboidratos era altamente recomendada para diabéticos como dito em artigos científicos (4) publicados ainda em 1920 sugerindo:
Dietas focadas em carnes, aves, carnes de caça, peixes, sopas claras, gelatina, ovos, manteiga, azeite de oliva, chá e café.”
Alguma semelhança com a “dieta paleo”?
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Um livro texto de medicina(5) publicado em 1923 mostra exemplo de uma dieta indicada para pacientes com diabetes severa, recomendando que a quantidade de carboidratos não seja superior a 15g por dia, ou seja, 4% apenas do total. Agora mais recentemente mais evidências científicas são publicadas apontando na mesma direção como é o caso de uma revisão crítica (6) publicada em 2014 no jornal Nutrition que conclui:
Os benefícios da restrição de carboidratos para diabéticos são imediatos e bem documentados. Qualquer dúvida sobre sua eficácia não é baseada em evidências.”
Ainda, melhor ainda do que beneficiar diabéticos, esta estratégica alimentar pode reverter completamente a doença, trazendo de volta vitalidade e saúde a estas pessoas que tanto sofrem.
Como o médico canadense Dr. Jason Fung, diz:
Diabetes tipo 2. A doença é reversível. Mas somente mudanças alimentares e de estilo de vida irão revertê-la”.
Dr. Jason Fung é uma das pessoas mais competentes no mundo no tratamento de diabéticos através de hábitos alimentar, segundo ele, vendo casos de reversão da doença todos os dias.
E para finalizar, deixe-me compartilhar contigo a conclusão deste ensaio clínico randomizado (7) publicado em 2016 no British Medical Journal que testou a estratégia low carb para pré-diabéticos:
Depois de 6 meses seguindo uma dieta lowcarb, 100% das pessoas tiveram remissão da pré-diabetes para tolerância normal de glicose.”
Podemos ver que o corpo de evidências que comprova que uma estratégia alimentar como a paleolítica ajustada para redução de carboidratos é bastante grande e crescente. Mesmo em meio a tudo isso, sabendo-se que até a reversão da doença é plenamente possível apenas com mudanças alimentares e de estilo de vida, ainda vemos informação errada sendo divulgada por aí sobre o assunto. Inclusive, ao meu ver pelo menos, é preocupante quando um órgão nacional como a Sociedade Brasileira de Diabetes é publicamente patrocinada por uma grande empresa farmacêutica.
Será que poderia haver conflito de interesses nesta parceria? Afinal, a indústria farmacêutica só se beneficia do contínuo controle e manutenção do crescente número de pacientes diabéticos e não de sua reversão através de hábitos alimentares.
A boa notícia para diabéticos tipo 2 é entender que a doença, segundo sólidas evidências científicas, é possível de ser prevenida completamente e ainda revertida com a prática de mudanças alimentares corretas e de estilo de vida. No entanto, é crucialmente importante que você conte com o acompanhamento de um profissional competente antes de se aventurar sozinho neste caminho.
Referências
1. Governo do Brasil. “Número de brasileiros com diabetes cresceu 61,8% em 10 anos”. http://www.brasil.gov.br/saude/2017/11/numero-de-brasileiros-com-diabetes-cresceu-61-8-em-10-anos – acesso em 21/08/2019
2. “Efficacy and safety of insulin in type 2 diabetes: meta-analysis of randomised controlled trials.” https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27391319
3. “Glycemic Control for Patients With Type 2 Diabetes Mellitus”. http://circoutcomes.ahajournals.org/content/early/2016/08 /23/CIRCOUTCOMES.116.002901
4. Allen FM. Protein Diets and Undernutrition in Treatment of Diabetes. JAMA 1920; 74:571-577 e NewburghLH, Marsh PL. The use of a high fat diet in treatment of diabetes mellitus. Arch Int Med 1921;27:699-705
5. Osler W. McCrae T. The Principles and Practice of Medicine. NY: Appleton and Co., 1923.
6. “Dietary carbohydrate restriction as the first approach in diabetes management: Critical review and evidence base”. http://www.nutritionjrnl.com/article/S0899-9007(14)00332-3/abstract
7. Remission of pre-diabetes to normal glucose tolerance in obese adults with high protein versus high carbohydrate diet: randomized control trial. http://drc.bmj.com/content/4/1/e000258
8. Sociedade Brasileira De Diabetes. “O que é diabetes?”. http://www.diabetes.org.br/publico/diabetes/oque-e-diabetes – acesso 01/02/2018
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